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La Parisienne, Chiado, Lisbonne

Foi há cerca de um ano e meio que conheci o Xavier e Carla. Pela mão do Hugo que fez no Chez Jules uma prova dos vinhos da Quinta da Murta descobri que existia uma charcutaria francesa no Linhó. Voltei lá um par de vezes e encontrávamo-nos pelo Peixe em Lisboa mas ficava um pouco fora de mão e não conseguia lá ir com frequência apesar da perdição que eram os produtos que por lá se vendiam, alguns de fabrico próprio, feitos nas próprias instalações pelo Xavier, outros de produtores seleccionados.

La Parisienne, Chiado, Lisbonne - reservarecomendada.blogspot.pt

Apesar de o Chez Jules até disponibilizar um serviço de entregas em Lisboa, a distancia ao centro de Lisboa não facilitava a vida ao Xavier e à Carla. Quando o Olivier e a Lumir decidiram fazer de Lisboa a sua casa e abrir um bistrot, conheceram o Xavier e este decidiu abraçar um desejo de algum tempo de trocar a charcutaria por um restaurante. Assim perdemos aquela que seria provavelmente a melhor (e única?) charcutaria francesa da região de Lisboa e ganhamos um bistrot autenticamente parisiense com o apropriado nome de La Parisienne, Bistrot Français.


A comida do Xavier não me era estranha pois, além dos produtos de charcutaria, o Chez Jules também vendia comida para fora e de uma vez em que fizemos um almoço em casa de amigos fomos lá buscar comida. Não tinha muitas dúvidas da qualidade do trabalho do Xavier mas sendo este um registo diferente estava com alguma expectativa sobre o que lá encontraríamos.


O La Parisienne ocupa o espaço anteriormente ocupado pelo BCN no Chiado. Já lá teria passado à porta enquanto BCN mas nunca tinha sequer espreitado lá para dentro. Pelo que me dizem à parte de uma limpeza de cara e alguns elementos decorativos alusivos a Paris o espaço mantém-se mais ou menos igual. É um espaço elegante e acolhedor ao qual o pé-direito generoso dá uma sensação de espaço e conforto.


Começamos com um prato de charcutaria francesa que sendo uma das especialidades do chef não podia faltar. Havia por ali, se as minhas notas não me atraiçoam, Jambon d’Ardèche, Saucisson d’Ardèche, Jambon Persillé, Rillete de Porco e Andouille de Guémené. Embora todos fossem bons destacavam-se o Jambon Persillé e a Rillete de Porco, precisamente aqueles que são feitos no restaurante pelo chef. Quase todos estes produtos de charcutaria podem ser comprados no restaurante para levar para casa, alguns deles sob encomenda.


Seguiu-se o Foie Gras Au Torchon caseiro e tostas grelhadas preparado pelo chef e que é acompanhado por um chutney de passas à qual se juntava um copo de moscatel. Além explorar a sempre ganhadora ligação entre a gordura e a doçura, o moscatel dá um apontamento português neste prato clássico da gastronomia francesa. Cremoso com um equilíbrio muito bem conseguido com o chutney e o moscatel.


Continuamos com o Alho Francês Au Vinagrete e Ovo Escalfado. Este é um prato clássico da cozinha francesa de bistrot cujas origens se perderam no tempo. Bem conseguido, com uma boa textura embora menos habitual para nós portugueses. É um prato muito interessante que nos soará um pouco estranho mas que apelará às memórias gastronómicas dos franceses que visitem o La Parisienne.


O Filete de Robalo com molho de Pimenta Rosa e Legumes Biológicos com o robalo confeccionado no ponto e acompanhado por legumes da Quinta do Poial é uma imagem da preocupação em usar ingredientes de qualidade e na sua época. Por isso, além dos pratos do dia disponiveis ao almoço, a carta nunca será muito longa mas verá alguns dos seus pratos a entrar e a sair todos os meses de acordo com a época do ano e com as preferências dos clientes.


Brilhante, estava o Tartare de Vaca Cortado à Faca com Salada e Batata Frita Caseira. A carne de grande qualidade cortada de modo grosseiro a dar um ar rústico ao prato. Logo à primeira garfada nota-se um toque limonado e fresco que nos deixa a pensar qual será o ingrediente secreto estranhamente familiar. Era gengibre, que lhe dava uma diferenciação bem interessante. Nem sem sempre é fácil comer boas batatas fritas mas aqui não há que temer, são excelentes.


Terminamos com as sobremesas, o Crème Brûlée e os Profiterolles Au Chocolat. Achei o crème brûlée um pouco cozido demais embora talvez estivesse a pensar mais no nosso Leite Creme, normalmente mais cremoso. Os profiterolles também não me convenceram completamente, aqui por uma questão de gosto pessoal. Convenceram-me bem mais os Clafoutis de Maça que comi numa outra ocasião em lá passei e achei piada à Mousse de Chocolate Caseira que é acompanhada com as excelentes pipocas de caramelo artezanais da Zeapop.





A carta de vinhos não é muito longa mas têm uma selecção de vinhos franceses importados diretamente, existindo uma preocupação especial pela boa relação qualidade preço e valerá a pena lá ir também por isso. Nesta refeição tivemos a oportunidade de provar o Albert Bichot Chablis Premier Cru Les Vaillons 2010 e o Château Pindefleurs Saint-Émilion Grand Cru 2009. O chablis mostrava-se amarelo claro ligeiramente esverdeado enquanto no nariz se revelava mineral com alguma salinidade, na boca dava-nos frutos secos com algum vegetal e salino sendo tudo acompanhado por uma boa acidez bem equilibrada com a untuosidade. Um grande vinho branco. O Château Pindefleurs apresentava uma côr granada translucida, enquanto no nariz deixava revelar aromas a café e a terra molhada acompanhados por um ligeiro couro e licorado, na boca mostrava uma boa acidez acompanhada por algum vegetal. Também ele um vinho muito bom embora o branco se tenha destacado ligeiramente deste.



Da outra vez em que passamos por lá tivemos a oportunidade de experimentar também as entradas de Morcela Branca com Chutney de Maças e o Oeuf Cocotte com Tomate e os pratos Pé de Porco Recheado, Tártaro de Salmão e Confit de Pato. Muito bem conseguida a morcela branca, o oeuf cocotte a fazer lembrar os sabores da nossa tomatada (também chamada de sopa tomate em algumas regiões), o pé de porco que é desossado e recheado no restaurante, o fresco e agradável tártaro de salmão e o confit de pato que também é preparado no restaurante tal como o Xavier já o fazia no Chez Jules.






Em tempo de rentrée o La Parisienne promete poder tornar-se uma referencia em Lisboa não só para a comunidade francesa em Lisboa mas para todos os apreciadores de boa gastronomia. Fazia falta em Lisboa um espaço que além de ter bistrot nome soubesse interpretar este conceito de maneira genuína. Para depois das obras que decorrem no Largo Rafael Bordalo Pinheiro está prometida ainda uma pequena esplanada que tornará o espaço ainda mais parecido com os seus congêneres parisienses.


Donc, si vous voulez avoir un goût de Paris à Lisbonne tu doit aller à La Parisienne.

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