Os vinhos do Tejo são uns dos patinhos feios do vinho em Portugal. Fruto da terra fértil de lezíria sempre houve a tentação de produção de vinhos mais em quantidade do que em qualidade. A proximidade de Lisboa também fez do Ribatejo o fornecedor da tascas de Lisboa que não eram conhecidas pela sua exigência organoléptica. Desde que fosse cheio... Antes do 25 de Abril, havia também a necessidade fornecer o ultramar com quantidade generosas de vinho que saía das docas do Porto de Lisboa em direcção ao império. Nem todo este vinho viria do Ribatejo mas da fama do vinho a granel não se livrou. Mas muito mudou entretanto e se ainda existe muito vinho de volume para alimentar mercados vorazes, o Ribatejo, agora Tejo, será das regiões em que se consegue encontrar algumas das melhores relações qualidade preço em Portugal. Pois há por aqui vinhos de grande qualidade e o preconceito sobre a região impede que os vinhos atinjam os preços de outras regiões.
Tive a oportunidade de participar como intruso na festa de família da Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo, onde os confrades se juntam para festejar o seu vinho. No belo espaço do Convento de São Francisco os confrades levaram o seu traje de gala e deram a provar os seus vinhos premiados. Apresentaram o seu novo site que além de ser site até tem scroll e elegeram entre os seus os melhores.
Além das 27 medalhas de Ouro e 8 de Prata atribuídas, foram considerados excelentes dois brancos e um tinto. Nos brancos o Vale de Lobos 2013 e o Portas do Tejo 2013, nos tintos o Quinta de S. João Baptista Special Selection Touriga Nacional 2010. Mas não só os vinhos mas também os seus produtores estavam a ser celebrados e assim a Quinta de Penegrais ganhou o Troféu Dinamismo Vinhos do Tejo enquanto a Encosta do Sobral saiu duplamente contemplada com o Troféu Excelência Vinhos do Tejo e com o prémio de Enólogo do Ano para o Pedro Sereno.
Todos os vinhos premiados foram servidos juntamente com o jantar de gala embora tenha acabado por não provar os vencedores. Uma tradição do Ribatejo é o abafado, que apareceu nesta gala juntamente com a sobremesa. Não tendo o pedigree de outros generosos encontram-se por estas lezírias vinhos bem simpáticos e informais com uma relação qualidade-preço muito boa como este Varandas feito com Fernão Pires proveniente de vinhas velhas cultivadas por António Benedito Ferreira e que a Adega Cooperativa de Almeirim vinifica e engarrafa.
Passada a meia-noite comemorou-se os 14 anos da Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo. Parabéns.
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