Pouca Roupa é o nome do monte em redor qual a vinha está implantada e é também um apelido relativamente comum no Alentejo. Aproveitando a sua singularidade foi usado aqui invocando o seu significado mais literal. Uma aposta arrojada a namorar o Verão e um público mais jovem encaixando em termos de preço entre o Loios e o Marquês de Borba. Esta informalidade reflete-se também nos vinhos que procuram a frescura e jovialidade sem no entanto se tornarem óbvios e banais. São também os primeiros vinhos feitos juntamente com o João Maria, o filho do João Portugal Ramos. Fico na dúvida se a marca não ficará demasiado associada Verão podendo tornar difícil o escoamento dos vinhos fora deste período. Mas provavelmente isso não será um problema grave pois as quantidades produzidas deverão ser facilmente escoáveis durante o período do ano que pretende ser o seu target.
O Pouca Roupa Rosé 2014 mostra uma cor entre o rosa e o salmão pálido e no nariz aromas florais com uma ligeira rosa e ligeiros coentros. Muito boa acidez, muito seco na boca tornando-se muito fresco embora sem pretensões. Curiosamente não gostei tanto dele no dia em o provei pela primeira vez na apresentação como algumas semanas mais tarde. No apresentação estava um pouco acima da temperatura ideal e provavelmente por isso me pareceu menos vigoroso do que nesta segunda prova.
Já o Pouca Roupa Branco 2014 revela-se amarelo claro ligeiramente esverdeado com aromas florais e cítricos. Na boca mostra uma boa acidez deixando no entanto revelar uma ligeira doçura num conjunto bem trabalhado, um vinho descomprometido a fazer boa companhia à beira da piscina ou a pratos leves de Verão.
Com uma cor ruby ligeiramente translúcida, o Pouca Roupa Tinto 2014 mostra cereja e uma ligeira amêndoa amarga no nariz, complementado por algum químico. Na boca mostra uma ligeira doçura complementada por um ligeiro vegetal e acidez que lhe dão frescura. Um vinho pouco complexo mas muito interessante e que chega a surpreender tendo em conta a gama onde se insere.
No geral os Poupa Roupa são aquilo que prometem: frescos, descomprometidos mas muito bem feitos e ajustados ao preço e ao público alvo. Chegam a surpreender um pouco por conseguirem ser interessantes para os mais conhecedores sem deixarem de ser acessíveis a um público abrangente. Um dress code bem a calhar para este Verão.
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