Estaríamos em 1998 e eu tinha acabado de iniciar a minha vida profissional quando num dos primeiros jantares de empresa tive a oportunidade de provar pela primeira vez um Borba Rótulo de Cortiça. O Borba Rótulo de Cortiça era nesta altura uma das marcas clássicas portuguesas. Deveria ser uma colheita do início ou meados da década de noventa. Lembro-me que me impressionou mas confesso que não me lembro do perfil do vinho nem o meu conhecimento de vinhos era suficientemente para fazer um juízo crítico do vinho.
Pouco tempo mais tarde num jantar de aniversário com a Ana no Barreiro tive a ousadia de pedir uma garrafa de Borba Rótulo de Cortiça. Saiu-me caro (não me lembro quanto) mas garantiu-me a atenção do chefe de sala que depois de decantar a garrafa não nos deixou faltar nada durante o resto da noite. Mais uma vez deixou-me satisfeito e com a sensação que teria valido a pena gastar o dinheiro que gastei.
Entretanto desliguei-me um pouco dos vinhos da Adega Cooperativa de Borba. Pareceu-me também houve uma certa perda de notoriedade durante o início do milênio. A sensação com que fico é que a reação à evolução que o negócio do vinho teve neste período não terá sido tão rápida como teria sido desejável. Em particular o rótulo de cortiça perdeu a importância que tinha no panorama vínico português. Mas até pode ter sido eu que andei um pouco distraído... No final da década passada a Adega Cooperativa de Borba renovou a imagem das suas gamas mais baixas e voltei a olhar para os seus vinhos com interesse. Aliás os Borbas correntes brancos ou tintos tornaram-se um porto seguro quando o objetivo era beber um vinho agradável sem gastar muito dinheiro.
Há uns tempos comprei uma garrafa do Borba Rótulo de Cortiça Reserva 2008. Já não tem o glamour de outros tempos mas as críticas eram boas e relação qualidade-preço parecia muito boa. Era também uma boa oportunidade de reencontrar um velho amigo. Mas confesso que estava desconfiado...
Abria-a há uns dias e foi uma agradável surpresa. Mostrava uma acidez pouco habitual para um vinho alentejano e não se encontrava marcado pela madeira como infelizmente acontece com muitos tintos alentejanos. Não será um vinho extraordinário mas é um vinho muito interessante que até parece poder ter um bom potencial de envelhecimento. Por menos de 10€ é difícil pedir mais. Fiquei com a esperança que pudesse ser o início do relançamento desta marca histórica. Vou estar atento às próximas colheitas e comprei outra garrafa deste 2008 para o poder voltar a provar daqui a uns anos para ver como envelheceu.
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