Pelos relatos que li a iniciativa foi um sucesso e Garrafeira Nacional decidiu manter a feira a decorrer com as condições iniciais por tempo aparentemente indeterminado. Assim há uns dias atrás passei por lá quase por acaso e sendo eu um apreciador de vinhos velhos não consegui resistir a trazer algumas coisas para casa.
Terras do Demo Reserva Tinto 1978
Borba Rótulo de Cortiça Reserva Tinto 1985
Ypsilon Tinto 2006
Dão Pipas Reserva Tinto 1970
Solar das Francesas Garrafeira Tinto 1978
As razões que me levaram a trazer estes vinhos em particular foram variadas. Os dois primeiros são de marcas com as quais tenho alguma relação afetiva. Devido a uma amiga tenho acompanhado os vinhos Terras do Demo da Cooperativa Agrícola do Távora e em especial os seus espumantes dos quais gosto muito. Tenho curiosidade acerca de como estará este tinto de 1978.
O Borba Rótulo de Cortiça é um vinho que faz parte da história vinícola do país e com o qual também tenho alguma relação afetiva como já descrevi aqui. Encontrei por lá este 1985 e não quis perder a oportunidade de provar.
O Ypsilon chamou-se à atenção por não perceber muito bem porquê razão um vinho de 2006 algarvio estava numa feira de vinhos antigos. Seis anos são muito poucos para ser considerado um vinho antigo... Mas no seguimento do meu périplo pelos vinhos algarvios e como até já tinha ouvido falar bem deste vinho achei que por 5€ valia a pena experimentar.
O Dão Pipas e o Solar das Francesas são mais duas marcas míticas da história vinícola portuguesa. O Dão Pipas foi durante muitos anos uma das marcas usadas no Dão pela Sogrape e que esta deixou de usar à uns anos atrás. Este vinho era vinificado nas instalações da Vinícola do Vale do Dão que viriam a ser destruídas por um incêndio e na sequencia disto a Sogrape decidiu concentrar a suas operações do Dão na Quinta dos Carvalhais que serve também de marca aos vinhos do Dão da Sogrape juntamente com a sub-marca Duque de Viseu e a marca Grão Vasco. Há uns tempos provei uma garrafa da década de noventa do século passado que ainda estava em boa forma. Deixa ver como se porta este 1970.
Já as Caves do Solar das Francesas foi um produtor de renome da Anadia fundado em 1905 e que em especial durante as décadas de 60 e 70 do século passado gozou de grande notoriedade. Estes vinhos aparecem frequentemente em provas de vinhos velhos e são normalmente bastante apreciados entre quem gosta de vinhos velhos. A marca já não existe e penso que a empresa produtora terá mesmo fechado, não tendo eu qualquer indicação que a marca ou empresa tenha sido adquirida por outra empresa. O último vinho de que encontro referências é de 1980 e depois dessa data a última referencia que encontro relativa à empresa é de 1984. Estive indeciso entre o 1968 e o 1978. O 1968 é considerado por alguns o melhor Solar das Francesas de sempre. Mas existia uma única garrafa de 1968 cujo nível do vinho era um pouco mais baixo e o vinho parecia apresentar-se ligeiramente turvo pelo que optei pela 1978 que parecia em melhores condições.
Estes vinhos são uma lotaria. Podem apresentar-se em perfeitas condições para serem bebidos ou podem ser mais vinagre do que vinho, mas estando a estes preços vale a pena comprar para experimentar. Os únicos truques que podemos usar para escolher as garrafas é optar por garrafas cujo nível do vinho não esteja muito baixo e cujo vinho não se apresente turvo. Mas embora estes sejam bons indicadores não garantem que o vinho esteja bebível. Outro bom indicador é optar por marcas que normalmente façam boa figura em provas de vinhos velhos. Mas como o armazenamento desempenha um papel fundamental no envelhecimento dos vinhos, duas garrafas iguais podem apresentar vinhos em condições muito diferentes. Se destas cinco garrafas, três estiverem em boas condições e uma destas três estiver excelente, já me vou dar por muito contente. Mas mesmo que isso não aconteça não vou ficar muito triste, pois nestes 5 vinhos comprei quase 150 anos de vinho por apenas 30€.
Esta iniciativa parecer estar a correr bastante bem e na passada segunda-feira a Garrafeira Nacional decidiu alargar esta feira aos Vinhos do Porto com preços entre 4,99€ e 39€. Não sei se deverei lá voltar... Ainda me perco...
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