A exibição do programa do Anthony Bourdain em Lisboa após a sua visita em Dezembro pôs a bifana nas bocas do mundo e os próprios portugueses passaram a olhar para estas com um renovado interesse. As bifanas sempre geraram paixões e moveram multidões. Já se faziam romarias para comer bifanas a alguns sítios emblemáticos para a bifana como Vendas Novas. Mas apesar de serem um dos meios preferidos dos portugueses para aquietar os estômagos após uma noite de copos ainda não tinham conseguido sair da segunda liga da fast-food em Portugal.
O interesse pela bifana têm sido tanto que um curto artigo sobre a Bifana do Trevo gerou centenas de visualizações desde que foi publicado e os termos bifana e bourdain aparecem frequentemente juntos ou separados nas procuras que vão dar a este blog. Para verem ao extremo que isto chegou o blog CicloMaluco (sobre as aventuras cicloturísticas do meu amigo Paulo) têm como artigo mais visualizado um artigo chamado Volta das Bifanas a Benavente, que afinal até eram pregos. O Paulo para tentar capitalizar esta notoriedade da bifana passou a tentar incluir a palavra bifana em todos os artigos... Fez mesmo 167km a solo para ir e voltar a Vendas Novas para poder escrever um artigo no blog sobre as bifanas de Vendas Novas... Paulo, também seria interessante fazeres um artigo sobre o efeito de uma Bifana e uma Cerveja Preta na recuperação física durante um treino intervalado. Nas minhas voltas de BTT pela Arrábida resultava bastante bem, embora a Torta de Azeitão também tivesse efeitos regenerativos assinaláveis.
Recentemente foi o Lonely Planet a destacar a bifana repescando um artigo originalmente publicado no site goLisbon. Este artigo atribuí mesmo a origem das bifanas a Vendas Novas. Isso não parece provável pois o paposeco de farinha fina que é tradicionalmente usado na bifana deverá ser originário de Lisboa e até ao 25 de Abril não era muito comum no interior de Portugal onde era usada predominantemente farinha de segunda. A origem da bifana deverá ser mesmo lisboeta provavelmente durante a primeira metade do século XX.
Mas o que nos trás aqui hoje é a McBifana... Os mais fervorosos bifanofilos considerarão um sacrilégio ver o McDonalds apoderar-se da bifana. Mas eu até acho bastante interessante que uma marca internacional pegue em algo tão português e lhe dê notoriedade. Nós saberemos sempre que a verdadeira bifana não está ali, mas para a geração McDonalds e para os estrangeiros que nos visitam pode ser uma maneira de travarem conhecimento com este ícone da nossa fast-food de taberna, podendo mais tarde ficar rendidos às autenticas. Até pode ser que o McDonalds leve a bifana a passear para fora de Portugal de vez em quando.
Quanto à McBifana propriamente dita, o pão é ligeiramente estaladiço e embora não seja igual nem ao nosso paposeco nem às bolas caseiras por vezes usadas, não é nada mau, sendo bastante melhor que o pão normalmente usado nos hambúrgueres do McDonalds. O tempero/molho também consegue quase cumprir as expectativas superando mesmo algumas bifanas tradicionais que provei ultimamente, e que sem mostarda tinham pouco sabor. Na minha opinião, a bifana para ser boa deve poder ser comida sem mostarda e se necessita de mostarda é porque falta tempero à carne. A McBifana é vendida nas versões com e sem mostarda. Provei as duas e preferi sem mostarda. Mas o pecado mortal da McBifana é a própria bifana... Ao invés de ser de carne de porco cortada em fatias finas são usados dois hambúrgueres finos de porco. Assim a bifana não apresenta qualquer resistência à dentada parecendo quase que estamos a comer o pão somente com o molho. A bifana deve ser tenra mas mesmo assim deverá apresentar alguma resistência à dentada que lhe dará textura e personalidade. A McBifana assim não passa de uma massa amorfa e indefinida...
Mas mesmo assim acho que foi um bom esforço e continuo a dizer que é de saudar que uma cadeia internacional como o McDonalds faça uma versão de uma sanduíche (ou sandes) tão portuguesa como é a bifana. Fico à espera do McChoco Frito.
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