Já tinha ouvido falar do Esperança Sé e do seu irmão mais velho no Bairro Alto mas confesso que tudo o sabia é que eram dois restaurantes/pizarias bastante populares entre os notívagos frequentadores de Alfama e do Bairro Alto. Surgiu a oportunidade de ir lá comer e fui com algumas expectativas embora, confesso, não esperasse grandes surpresas.
O espaço é muito agradável estando localizado no piso térreo de um edifício que faz esquina numa das laterais da Sé. No dia em que lá estivemos tivemos o privilégio de ficar junto a uma das portas/janelas viradas para a Sé.
Em boa hora foi-nos sugerido começar por carpagio e escolhemos o de atum. Estava muito bem temperado com azeite, pimenta e alcaparras e estabeleceu desde logo um nível mais elevado em relação às nossas expectativas iniciais.
O Esperança Sé foi inaugurado à cerca de um ano e para comemorar o aniversário foi criado um prato que junta três dos pratos da carta do restaurante: o linguini de vieiras, linguini nero fresco e gamberi e o spaghetti al parmegiano com tartufo. Optamos por este prato por nos permitir experimentar vários pratos num só.
Qualquer uma destas massas justificaria por si uma visita ao Esperança Sé. O linguini de vieiras, fresco e agradável, tendo as vieiras como ingrediente principal. Eu gosto muito de vieiras e não é habitual vê-las por estas andanças. Gostaria delas um nadinha menos passadas mas isto têm mais a ver o meu gosto pessoal do que com a qualidade da confeção. O Linguini nero fresco e gamberi, com muita personalidade e ligeiramente picante, a um nível em o picante é tempero e não prova de masculinidade. Para mim esta massa nem sequer precisava do camarão e comia-se só como o molho. Finalmente o spaghetti al parmegiano com tartufo, que insinuou o seu aroma enquanto comíamos as outras massas. O aroma do manjericão combinado com o sútil aroma das trufas abria-nos o apetite e na boca a massa e o parmesão dava estrutura a estes aromas. A quantidade trufas pareceu-me acertada pois era suficiente para impressionar os sentidos sem no entanto dominarem demasiado o prato.
Seguiu-se uma piza a dividir pelos dois. Escolhemos a piza de figos que parece ser também um dos ex-libris da casa. Curiosamente andava há uns tempos a tentar comer uma piza de figos numa outra pizaria de Lisboa mas nunca a tinha conseguido experimentar por falta de figos. Mais uma vez a minha expectativa foi superada… Massa fina e estaladiça, o queijo de cabra, os figos, o presunto de parma finamente cortado e acrescentado no final não estando seco nem demasiado salgado como por vezes acontece em outras pizas com presunto. E finalmente vinagre balsâmico a equilibrar e a refrescar todo o conjunto. Uma das melhores pizas que comi nos últimos tempos... Não sei que diga mais…
Por esta altura já não havia muito mais espaço para ocupar nos nossos estômagos pelo que pedimos um sorbet de limão com vodka que nos pareceu relativamente fresco e leve para terminar a refeição. Os gelados são do Santini e para uma sobremesa que é relativamente simples e convencional estava bastante bem conseguida. Tinha umas raspas de limão que lhe davam ainda mais frescura e o álcool da vodka não se impunha demasiado.
O atendimento foi bastante presente mas discreto como seria de esperar num espaço intimista como estes. Bebemos vinho a copo pois eramos só dois e não queríamos beber só branco ou só tinto. A oferta de vinho a copo limitava-se a um branco e um tinto mas as escolhas eram simples mas acertadas pelo que isso não se tornou um problema. Mas uns lambruscos a copo seriam uma possibilidade a considerar. Durante o verão terão uma esplanada encostada à Sé que poderá ser uma boa opção em dias mais quentes.
Saí de lá convencido que o Esperança da Sé será um dos melhores restaurantes de Lisboa para comer pizas ou massas. Terei de voltar um dia destes para explorar mais um bocadinho da carta e provar um lambrusco. Pelo que pude observar nas mesas em volta haverá lá outras coisas interessantes para provar.
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