Bucelas é uma região em que o branco é rei com destaque para o Arinto. Há quem lhe chame mesmo Arinto de Bucelas dando a entender que seria mesmo dali a sua origem. Para ser um DOC Bucelas o Arinto deve participar em 75% do encepamento podendo os restantes 25% ser Esgana-Cão, também conhecido como Sercial, ou Rabo-de-Ovelha. A região abrange as freguesias de Bucelas, parte das freguesias de Fanhões e Santo Antão do Tojal, podendo ser vinificados como DOC Bucelas vinhos brancos e vinhos espumantes brancos.
Normalmente são bebidos frescos e novos pois a frescura do Arinto proporciona-se a isso e faz dos Bucelas ótimos companheiros de Verão. Mas essa mesma acidez pode dar-lhes uma grande longevidade embora raramente tenhamos a paciência suficiente para esperar o tempo suficiente para o aferir. E não é por acaso que aparece este Garrafeira. Os garrafeiras são vinhos que implicam um estágio mais prolongado feito pelo produtor. No caso dos Brancos a legislação atual requer um estágio mínimo de 12 meses dos quais pelo menos 6 meses em garrafa. Não é muito mas são raros os brancos em Portugal que são sujeitos a um estágio desta duração. Este garrafeira, desconfio, deve ter ficado perdido em alguma adega, rejeitado pela idade até que alguém o decidiu ressuscitar para vida e vender a bom preço para libertar espaço precioso.
Faz jus à região tendo as três castas autorizadas sendo o Arinto 80% do lote. Foi fermentado e estagiado durante 6 meses em carvalho nacional até ser engarrafado. Entretanto esqueceram-se dele... Passados quase 16 anos tem uma côr amarelo dourada revelando no nariz nozes, flores brancas, iodo, sal e algum petróleo. Grande acidez para a idade e pasme-se ainda algum vegetal, ligeira untuosidade mas ainda assim muito seco e vivo. Um ligeiro vinagrinho dá-lhe caráter e lembra-nos que estamos a falar com um branco com uma década e meia de vida. Grande vinho.
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