A José Maria da Fonseca tem em Setúbal e no Sado o seu território natural, mas ao longo da sua história tem vindo a expandir a sua presença pelo território nacional. Adquirida no ano 2000, a Quinta de Mós é uma das propriedades da José Maria da Fonseca fora das suas origens. Situada no Douro Superior tem 15 hectares de vinhas com 20 a 30 anos plantadas com Touriga Nacional, Touriga Francesa e Tinta Roriz que permitem a a produção de dois vinhos sob a marca Domini dos quais foram lançadas em Outubro novas colheitas de cada uma das referências.
De uma destas castas resulta um diferendo de Domingos Soares Franco, enólogo e vice-presidente da José Maria da Fonseca, com as autoridades vitivinícolas portuguesas. A Touriga Francesa será uma casta relativamente recente que há quem refira como resultado do cruzamento de Mourisco de Semente e Touriga Nacional, embora isso não seja um dado seguro. Já existiam referências à denominação Touriga Francesa anteriores, mas é a partir da década de quarenta do século passado que se generalizou o uso do nome Touriga Francesa para esta casta. Apesar de ser chamada francesa não se conhece nela qualquer ascendência francesa e é considerada uma casta portuguesa. No ano 2000, o Ministério da Agricultura decidiu por portaria chamar Touriga Franca à Touriga Francesa, eliminando mesmo a Touriga Francesa como possível sinónimo. Isto terá sido feito numa aparente tentativa revisionista de eliminar qualquer dúvida acerca da sua origem. Foi no entanto feito à revelia da nomenclatura tradicional e demonstrou algum provincianismo por parte das nossas autoridades. O Domingos Soares Franco não perde uma oportunidade para chamar a atenção que esta Touriga é Francesa e não Franca. Por isto enquanto falar de vinhos da José Maria da Fonseca esta Touriga será sempre Francesa e nunca Franca.
O Domini 2012 é feito com um lote com 48% de Touriga Nacional , 30% de Tinta Roriz e 22% de Touriga Francesa e apresenta-se granada com laivos violetas ligeiramente translúcido. Aromas a fruta vermelha com um ligeiro balsâmico, caruma e um travo a amêndoa amarga. Acidez ligeira mas bem acompanhada por algum vegetal e taninos finos. Um vinho muito elegante e competente com potencial para melhorar com o tempo. Mostra uma relação qualidade preço muito interessante.
O Domini Plus 2011 apesar de provir da mesma vinha e ser um lote das mesmas castas, têm um posicionamento diferente assumindo-se como um topos de gama da José Maria da Fonseca. Vinificado com 68% de Touriga Francesa, 22% de Tinta Roriz e 10% de Touriga Nacional, apresenta-se granada com laivos violeta translúcido. Mostra aromas a ameixas pretas, balsâmicos, ligeiro floral com um pouco de violetas e um toque mineral. Com um equilíbrio muito bom entre a acidez e os taninos, ambos não muito exuberantes mas muito elegantes. Tem tudo no sítio, elegante e incrivelmente fresco tendo até uma ligeira doçura a dar-lhe suavidade. Dá muito prazer e está muito bem feito. Quase chateia de tão perfeito que está...
Os vinhos provados foram gentilmente oferecidos pelo produtor.
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