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Vinho e Sabores das Tabernas de Lisboa

Eu e Ana ainda não tínhamos decidido se iriamos ou não ao Encontro com o Vinho e os Sabores mas quando vimos este passeio integrado no programa não demorou muito a decidirmos que iriamos e que seria Sábado o dia da nossa visita.

Este passeio foi organizado pela Lisboa Autêntica para a Revista de Vinhos. Os passeios da Lisboa Autêntica já me tinham chamado à atenção e esta foi uma ótima oportunidade de experimentar um destes passeios. Este passeio foi organizado na zona da Junqueira especialmente para o evento e poderá nunca mais se repetir pois os passeios da Lisboa Autentica costumam realizar-se noutras zonas da cidade. Juntou-se um grupo de cerca de 15 pessoas, bastante variado por sinal.

Vinho e Sabores das Tabernas de Lisboa - reservarecomendada.blogspot.pt

Começamos por subir por Santo Amaro até ao Grupo Excursionista os 31 de Santo de Amaro. Chegamos à porta de um pátio nas traseiras do Instituto de Investigação Cientifica Tropical. Entrámos neste pequeno pátio com pequenas hortas, tanques para lavar a roupa e parecia que o túnel de acesso ao pátio nos tinha transportado até à twilight zone. Tocámos a uma campainha num dos extremos do pátio e fomos recebidos pelos sócios do grupo excursionista.


Esta coletividade tem o único campo de laranjinha em atividade em Lisboa e diversas outras coletividades da região de Lisboa juntam-se aqui para jogar. Outra das singularidades desta coletividade é a produção de água-pé caseira. Todos os anos chegam uvas da zona do Poceirão e a água-pé é produzida nas próprias instalações da coletividade.


Depois de visitarmos a “adega” da coletividade o grupo juntou-se todo numa mesa corrida e comemos entremeadas acabadas de grelhar que acompanhamos com a água-pé caseira. No final ainda comemos umas castanhas cozidas. Diga-se só para terminar que a coletividade não é exatamente um estabelecimento público acolhendo os associados, os seus familiares e convidados.



A zona de Santo Amaro têm um número grande de coletividades que pode ser explicado pela natureza operária desta zona de Lisboa que dispunha de uma grande concentração de fábricas que foram quase todas transformadas em condomínios ou escritórios. As coletividades são tradicionalmente um produto de sociedades operárias e fabris. Um exemplo desta relação é o facto de o concelho que, ainda hoje, tem mais coletividades é o Barreiro.



Seguimos então caminho para a próxima etapa e passamos pela Igreja de Santo Amaro onde pudemos apreciar o casario e vista sobre o Tejo. Voltamos a descer e chegamos à Tasca do Júlio. A Tasca do Júlio é mais o que eu chamaria uma casa de pasto. Isso até têm paralelo na história das tabernas em Lisboa em que umas das suas funções era servir de cantina para os trabalhadores. Assim os trabalhadores das fábricas traziam a marmita com a sua comida e comiam na taberna onde compravam o vinho.



A Tasca do Júlio é uma casa de pasto tradicional e familiar cujos donos são de origem minhota e que servem pratos tradicionais. Aqui comemos dobrada e codornizes fritas acompanhadas pelo vinho da casa. É uma casa a voltar para explorar a carta. Parece ser uma boa referencia para pratos tradicionais e deverá ter uma boa relação qualidade-preço.


Dirigimo-nos então para a Taberna Portuguesa onde encontramos à entrada duas pasteleiras e uma motorizada Sachs e fomos recebidos pela Vandalisa e pelo Edgar. A Taberna Portuguesa é um exemplo do que se têm chamado de taberna chic. São espaços que tentam preservar a estética das tabernas tradicionais mas com um serviço moderno e rejuvenescido. A Taberna Portuguesa a par com a Taberna da Rua das Flores são as duas tabernas modernas que conheço que melhor souberam reinventar o conceito da taberna e adapta-lo aos tempos modernos. Nestas duas tabernas a estética é muito bem reinterpretada e a ementa varia de dia para dia e consiste em petiscos vocacionados para a partilha. Curiosamente ambos usam uma ardósia como ementa. A Taberna Portuguesa vende exclusivamente produto portugueses (não há Coca-Cola...) e parece ter uma ementa um pouco mais clássica do que a ementa da Taberna da Rua das Flores.


Aqui comemos pica-pau de porco e moelas de pato que acompanhamos com Sangria de Rosé. Ainda tivemos direito a um fado cantado por um fadista que costuma participar nos passeios da Lisboa Autêntica relacionados com o Fado. Ambos os pratos, em especial o pica-pau, estavam puxadinhos de picante. Não era exagerado mas eu preferia um pouco menos. Tirando este pormenor não haveria nada a apontar e será um sitio a voltar. Recentemente foi aberta uma segunda Taberna Portuguesa na Calçada do Combro.


Seguimos para a 1300 Taberna na LXFactory. Esta será a menos taberna das quatro pois será mais um restaurante do que uma taberna. A 1300 Taberna é descendente do projeto 2780 Taberna em Oeiras que nos últimos anos teve um destaque significativo nos meios gastronômicos. Herdou alguns pratos e o serviço em menu de degustação de seis pratos e acrescentou um wine bar com uma carta com pratos do dia e pratos fixos numa parceria com o projeto vínico Casca Wines. Entretanto estas duas tabernas parecem ter seguindo por caminhos separados tendo inclusivamente a 2780 Taberna mudado de nome (chama-se agora Penalti) e de conceito, autodenominando-se de acepiparia, onde se servem acepipes para acompanhar o vinho. Curiosamente, o Penalti parece agora mais alinhado com o meu conceito de taberna moderna do que quando era 2780 Taberna...



Eu já tinha ido à 1300 Taberna pouco tempo depois de ter aberto e confesso que na altura não fiquei totalmente convencido pois o menu de degustação não estava disponível ao almoço e escolhemos da carta do wine bar que achei um pouco curta na altura. Também achei falta da irreverencia e tom provocativo habitual na 2780 Taberna. Por outro lado gostei muito dos vinhos da Casca Wines que estavam disponíveis a copo. Esta nova visita também acabou por não ser conclusiva pois não se tratava de uma refeição mas de um pequeno petisco. Croquetes de morcela e umas iscas com elas em formato de hambúrguer. Esta apresentação das iscas em hambúrguer era interessante mas tinha o defeito de secar um pouco as iscas. Terei de voltar um dia destes para tirar as dúvidas.


Terminamos com um café no Mercado 1143, um spin-off da 1300 Taberna, que funciona como cafetaria e mercearia gourmet e onde também é possível comer refeições ligeiras e aparentemente em algumas alturas é também feito um serviço em menu de degustação semelhante ao da 1300 Taberna.


Regressámos ao Centro de Congressos de Lisboa pelas 16h30m, depois de 5 horas de labuta gastronômica. Diga-se que o regresso estava previsto para as 14h30m... Foram 5 horas muito bem passadas e fiquei com vontade de fazer mais passeios com a Lisboa Autentica. Despedimo-nos e fomos continuar a nossa labuta dentro do Centro de Congressos de Lisboa no Encontro do Vinho e dos Sabores propriamente dito. Mas isso ficará para outro dia que isto hoje já vai longo...

Guia das Tascas e Tabernas de Portugal - www.wook.pt

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