Termino esta série de melhores de 2014 como a reedição da eleição do melhor vinho não generoso que provei em 2014. Se a minha escolha de 2013 resultou da prova de uma garrafa entre amigos, a escolha de 2014 resultou da prova num evento. E se no ano passado falei sobre como nem sempre os eventos proporcionam as melhores condições de prova, neste caso e apesar disso é sem hesitações que escolho um vinho que provei num evento. Ficou por fazer a prova à mesa mas tenho a certeza que se portaria irrepreensivelmente. Mas se tiverem dúvidas acerca disso podem sempre mandar-me uma garrafa e eu tiro a prova dos nove de bom grado. De novo não farei um artigo relativamente ao melhor vinho generoso que provei em 2014, mas quem me tem lido nos últimos meses poderá facilmente adivinhar a resposta. Se não conseguirem adivinhar a resposta, podem encontra-la aqui. O Melhor Vinho não generoso de 2014 foi...
... o Ferreirinha Reserva Especial 2003. Devem estar vocês a pensar: Bem, assim é fácil. Basta escolher o vinho mais caro que se provou e está feito. Pois, parece isso, não parece? Mas não é... Apesar de serem recorrentes as afirmações os vinhos mais caros nem sempre são os melhores e de ser um facto que alguns vinhos são vendidos a preços exagerados para a sua qualidade, há marcas em o seu preço não se deve somente a especulação mas devido à consistência que apresentam ao longo dos anos e ao custo do próprio processo produtivo. Esta é uma dessas marcas até porque se trata de uma segunda marca, mas que segunda marca...
Já contei por aqui o processo produtivo que leva ao lançamento de um Barca Velha. É um processo que começa na vinha, passa pela vindima e vinificação, pelo estágio em madeira e pelo estágio em garrafa para passados mais ou menos oito anos após a vindima e depois de em todos estes passos ter sido considerado como tendo o nível de qualidade esperado de um Barca Velha é lançado para o mercado. Por vezes depois do engarrafamento e durante o estágio em garrafa acontece surgirem dúvidas se o nível atingido é o da excecionalidade ou se é apenas de excelência. Se o tempo não dissipa estas dúvidas estes vinhos não são lançados para o mercado como Barca Velha mas como Ferreirinha Reserva Especial. São assim vinhos que seguem todo o processo produtivo do Barca Velha mas que ao serem lançados como Ferreirinha Reserva Especial chegam ao mercado por um quarto do preço de um Barca Velha. Apenas 100€, portanto...
Provei este vinho no Festival do Vinho do Douro Superior que se realizou no final de Maio em Vila Nova de Foz Côa. Foi o vinho final na prova comentada de vinhos tintos que foi preparada pelo João Paulo Martins. Este vinho corresponde a um dos perfis que mais me agrada, com a idade já a revelar-se, uma estrema elegância mas ainda pleno de força. Mostrava-se granada com laivos acobreados enquanto no nariz a terra molhada dominava sendo acompanhada por algum balsamico e por um ligeiro verniz num nível em que ainda era virtude. Na boca mostrava uma boa acidez e taninos finos e elegantes deixando uma ligeira frescura mentolada. Longo, longo na boca.
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