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As Provas do Festival do Vinho do Douro Superior 2014

A menos de uma semana da 4ª edição do Festival do Vinho do Douro Superior fica aqui o último capitulo desta trilogia sobre a edição do ano passado. Nas últimas semanas já falei aqui das visitas e dos jantares e é agora a vez dos instantâneos das provas. Foram quatro as provas, três de vinhos, Tintos, Brancos e Portos e uma de Azeites. Pouco tempo após a chegada a Vila Nova Foz Côa tivemos a provas dos Tintos do Douro Superior que viria a ser uma das provas mais interessantes do evento. Organizada pelo João Paulo Martins, este procurou dar a provar uma amostra diversificada e representativa do Douro Superior, monocastas das castas mais representativas, vinhos de agricultura biológica, vinhos de vinhas velhas e obviamente vinhos de lote. Daquele que considerei o melhor vinho desta prova, o Ferreirinha Reserva Especial 2003 já falei aqui. Destaco ainda um outro vinho que gostei bastante, o Quinta do Lubazim Grande Reserva 2009 que mostrou um perfil predominantemente mineral com um ligeiro floral e com uns taninos finos e elegantes e algum apimentado.

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Foi a segunda vez que fiz uma prova de azeites e se consigo identificar aqueles que são os parâmetros principais da prova como os aromas e perfis de sabor principais, confesso que por inexperiência não consigo dominar aspetos básicos como a classificação de azeites em Frutado Verde (Intenso, Médio ou Ligeiro) e Frutado Maduro. A prova foi organizada por Francisco Pavão pelas mãos do qual passa a produção de muitos destes azeites.


Há dois aspetos menos intuitivos na prova de azeites. O primeiro é que a cor é irrelevante para a avaliação e por isso os "copos" usados para a prova de azeites são de vidro azul de modo a tornar impossível a perceção da cor para que esta não influencie a avaliação. O outro é o significado do grau de acidez de um azeite. A gordura do azeite é constituída por uma mistura de ácidos gordos dos quais o predominante é o ácido oleico. O ácidos gordos são estruturas moleculares complexas em que três ácidos orgânicos se encontram ligados por uma molécula de glicerina que também são denominadas por triglicéridos. Quando esta estrutura se degrada, a ligação quebra-se e os ácidos orgânicos ficam livres. A acidez do azeite nada tem a ver com a acidez química que é medida pelo pH mas sim com a percentagem de ácidos orgânicos livres relativamente aos ácidos gordos presentes no azeite. É assim uma medida da degradação do azeite que pode ser resultante do estado das azeitonas, do processo de produção e do seu acondicionamento. Esta proporção só pode ser aferida laboratorialmente e não é percecionavel pelo paladar pelo que se alguém vos disser que consegue perceber o grau de acidez do azeite pela prova podem estar certos que não sabe do que está a falar.


Todos os azeites eram de grande qualidade e isso ainda complica mais que um leigo como eu faça algum tipo de destaque. Na falta de critério melhor vou destacar o CARM Praemium que tinha acabado de receber o Primeiro Prémio na categoria de Frutado Verde Médio no concurso Mário Solinas que é considerado o mais importante concurso de azeites a nível mundial. É um azeite que mostra aromas a frutos secos e que na boca se mostra com um ligeiro amargor e muito picante no final.



Na prova dos brancos a abordagem seguida pelo Nuno Oliveira Garcia foi substancialmente diferente, com um lote mais reduzido de marcas optando pela realização de mini-verticais para cada marca dando provar vinhos de diferentes anos da mesma referencia. Apesar de também ser interessante poder perceber as diferenças dos vinhos de anos diferentes preferia ter mais diversidade de referencias. Além dos brancos do Mapa de que já falei aqui gostei especialmente dos brancos da marca Conceito. Estavam a prova os anos 2008, 2009, 2010, brancos já com uma certa idade mas também com longevidade. Embora fossem obviamente diferentes uns dos outros, genericamente mostravam aromas a flores brancas, espargos e alguns aromas iodados, boa acidez, algum vegetal e uma boa estrutura.



Mesmo antes de voltarmos a Lisboa despedimos-nos de Vila Nova de Foz Côa com uma grande prova de Porto Vintage organizada pelo Luís Antunes. A prova dividiu-se em duas partes principais, em que na primeira parte provamos 4 Portos que foram vinificados como Vintage a partir de cada uma castas usadas no blend final do Ramos Pinto Vintage 1983. As castas eram Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca e Touriga Nacional. São vinhos que não foram colocados no mercado, tendo sido engarrafados como meras experiências. Foi assim um privilégio poder prova-lo ainda mais com o João Nicolau de Almeida na sala a comentar a prova. Depois de provarmos as castas separadamente, provamos o blend final do Ramos Pinto Vintage 1983. A grande conclusão desta prova tal como já aqui tinha descrito é que apesar qualquer destes "Vintages" monocasta ter qualidade para ser colocados no mercado, o blend é claramente superior a qualquer uma das partes. Mostrava-se ainda granada só ligeiramente acobreado com aromas mentolados. Na boca revelava uma boa acidez e taninos muito finos revelando uma grande elegância, prolongando-se largamente na boca.





Continuamos com a prova de Vintage mais novos que por sua vez também poderia ser sub-dividida em 2 partes, os vintage de 2004 e os mais recentes que eram predominantemente de 2011 existindo também um de 2007 e outro de 2009. Durante esta fase pudemos ter o privilégio de contar com os comentários de David Guimaraes da The Fladgate Partnership sobre os terroirs do Porto no Douro Superior com ênfase nas caraterísticas das quintas da The Fladgate Partnership ali representadas. Na minha opinião precisa de pelo menos 10 anos para revelar completamente o seu caráter e assim enquanto os vintages de 2004 já estavam no inicio da sua maioridade a prova dos mais recentes acabava por não passar de uma indicação do que poderão vir a ser. No vintages de 2004 a escolha é difícil até porque durante a prova estes vinhos foram evoluindo no copo podendo até fazer-nos alterar as preferências com o passar do tempo. Acabei por eleger para fazer um destaque o Quinta do Vesúvio Vintage 2004 que se mostrava granada com laivos violeta e aromas mentolados com uma ligeira terra molhada e um também ligeiro fumo a dar-lhe caráter. Boa acidez e taninos finos a contribuírem para um vintage muito elegante. Quantos aos restantes o que gostei mais foi o Capela da Quinta do Vesúvio Vintage 2007 que se mostrava granada com laivos violeta com algum mentolado e aromas químicos no nariz. Ótima acidez, grande frescura e bom equilíbrio entre a acidez e os taninos, mas ainda a precisar de tempo para se revelar completamente. Este foi também o último vinho e depois de o beber ficou-me na cabeça a expressão pedofilia vínica...




Por momentos como estes certamente valerá a pena passar por Vila Nova de Foz Côa no próximo fim de semana.

O que Faço Hoje Para Jantar? - www.wook.pt

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