Como publiquei aqui há umas semanas atrás a Stay.com convidou-me a elaborar um guia com os meus locais favoritos em Lisboa para comer e beber vinho. Pediram-me 8 a 10 locais mas eu entusiasmei-me um bocado e escolhi 16 locais. Acabei por dividir os 16 locais em 2 guias de 8 locais cada. Um deles ficou com o nome de Wine and Dine in Lisbon e é este guia que publico aqui numa versão traduzida para português.
Lisboa uma cidade vibrante onde a boa comida e o bom vinho está ao virar da esquina tanto em restaurantes tradicionais como em restaurantes gastronómicos que proporcionam uma experiência gastronómica internacional. Esta lista tem alguns dos meus locais favoritos para comer e beber um copo de vinho. Enquanto alguns são menos conhecidos a maioria é extremamente popular tanto entre locais como entre turistas mas continuam apesar disso a oferecer uma grande experiência.
Belcanto
O Belcanto é o único duas estrelas Michelin em Lisboa. O José Avillez é considerado um dos melhores chefs portugueses e o seu menu incorpora tradições portuguesas, memorias de infancia e as últimas técnicas de cozinhas. Definitivamente uma experiencia a não perder.
Claro!
Logo à saída de Lisboa sobranceiro ao Atlântico pode-se encontrar o Claro! O Vitor Claro faz aquilo que eu chamo cozinha emocional. O pratos chegam à mesa de modo aparentemente simples e parecendo usar pouca técnica evocando sabores clássicos e sempre à procura de despertar memorias gastronómicas ao seus clientes. Corre grandes riscos pois alimenta-se de emoções e as emoções são tão imprevisíveis como animais selvagens. O Vitor Claro produz o seu próprio vinho, faça questão de o provar.
SeaMe
No SeaMe tudo gira em volta do mar e faz-lhe ali uma síntese de três conceitos: o restaurante de sushi, a marisqueira e o restaurante de peixe grelhado. O peixe e marisco é apresentado num balcão refrigerado como os das praças de peixe e que também é habitual no restaurantes de peixe em Portugal. Pode-se escolher o peixe que se quer comer e o preço será de acordo com o peso. Quando vou lá normalmente pedimos uma ou duas entradas por pessoa que serão partilhadas na mesa. Todas as entradas são ótimas mas vale a pena provar o Nigiri de Sardinha que se tornou um prato assinatura do restaurante. Depois das entradas normalmente partilhamos um peixe grelhado escolhido no balcão. Se quiser pode terminar com um Prego do Lombo em Bolo do Caco que certamente acalmará os vossos instintos carnívoros.
O Jacinto
É provável que possa passar à frente d'O Jacinto sem reparar que se trata de um restaurante. Está localizado numa moradia numa área residencial e não é dos locais mais acessíveis a pé. Talvez também por isso é popular entre executivos e figuras públicas e é habitual ver carros topo de gama parados à porta. Oferece comida tradicional portuguesa num ambiente mais refinado e mais sossegado do que é norma neste tipo de restaurantes. Os preços são mais elevados mas as doses são enormes o que acaba por equilibrar as coisas. Pergunte ao empregado o tamanho das porções e considere a possibilidade de partilhar caso não tenha muita fome ou se quiser experimentar pratos diferentes. Um dos pratos mais afamados do restaurante é o Arroz de Lingueirão. A carta de vinhos é muito boa com uma gama que varia entre vinhos portugueses com muito boa relação qualidade preço e vinhos franceses com preços obscenos.
Estado D'Alma Bistrô
O Estado D'Alma Bistrô parece à primeira vista uma cafetaria anónima como as que se podem encontrar quase qualquer rua de Lisboa mas se prestar um pouco de atenção encontrará diferenças notórias como uma decoração com motivos vínicos, caves de vinhos com temperatura controlada e copos de qualidade nas mesas. O dono do Estado D'Alma é dono de uma garrafeira tambem chamada de Estado D'Alma que tem um grande stock de vinhos antigos ou já fora dos circuitos normais de comercialização que vende a preços muito cordatos e no Bistrô alguns destes vinhos estão disponíveis a copo e o um sommelier poderá aconselha-lo nas escolhas a fazer. No menu podem encontrar-se petiscos que podem ser partilhados pela mesa, bifes, saladas, omeletes e sanduiches. Comida simples mas muito bem feita. Peça a comida e peça sugestões relativamente ao vinho de acompanhamento, se quiser ser surpreendido peça que lhe sugiram vinhos diferentes e incomuns que não consiga beber noutros locais.
By the Wine
A By the Wine foi criada como loja de referencia de um dos maiores produtores de vinhos portugueses, a José Maria da Fonseca. Embora seja mais um bar que um restaurante dispõe de uma boa selecção de petiscos com os quais se pode fazer uma refeição. A grande bandeira da José Maria da Fonseca é o Moscatel de Setúbal. O Moscatel é a casta usada para produzir este vinho fortificado na margem Sul do Tejo. Para terminar a refeição não se esqueça de pedir uma Torta de Azeitão e um copo de Moscatel como o Domingos Soares Franco Colecção Privada Moscatel de Setúbal.
Garrafeira Nacional
A Garrafeira Nacional foi fundada em 1927 e é uma das mais antigas garrafeiras em Lisboa. Lá é possível encontrar alguns dos melhores vinhos portugueses e as existências da Garrafeira Nacional são particularmente fortes em vinhos fortificados como Porto, Moscatel e Madeira. Na loja original na Rua de Santa Justa existe mesmo um pequeno espaço chamado de Museu onde estão expostos alguns dos vinhos mais raros e antigos da garrafeira como o Terrantez 1795 da Companhia Vinícola da Madeira ou o Moscatel Torna Viagem da José Maria da Fonseca. Por vezes vou lá só para olhar para as garrafas e sonhar com o vinho.
Garrafeira Estado D'Alma
À parte de revender vinhos comprados a produtores o Tiago Paulo, o dono da garrafeira Estado D'Alma, compra com frequência lotes de vinhos velhos de garrafeiras privadas, restaurantes em liquidação, leilões e stocks de venda difícil a distribuidores e produtores. Isto permitiu que se tivesse tornado uma das principais referencias para a compra de vinhos antigos ou fora do mercado regular. Comprar em lote permite-lhe ter preços muito interessantes e não é incomum encontrar lá vinhos com 20-30 anos de produtores conhecidos por 5€. Por estes preços o risco de comprar um vinho estragado não é um grande problema mas mais frequentemente tem-se a oportunidade de provar grandes vinhos esquecidos no tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário