Mas, mais pequeno do que a chávena?
Nesse próprio almoço foram esboçadas as primeiras linhas do que viria a ser a Adega Mayor. As linhas esboçadas tomaram forma e quase como se fosse a Arca de Noé, a Adega Mayor acomodou-se no alto do monte da Herdade das Argamassas tornando-se numa referencia. Não tardou que as uvas dos vinhedos envolventes fizessem da Adega Mayor a sua casa e em 2007, pela primeira vez, a Adega Mayor viu a doçura dessas uvas sublimar-se em vinho. Passados dois anos entraram por ali a dentro umas uvas especiais que com uma calma alentejana se deixaram embalar durante 20 meses nos braços de umas barricas francesas. Mas como o tempo é bom conselheiro ainda se deixaram ficar por ali a dormitar, engarrafadas numa elegante borgonhesa, por mais uns anos até que fosse hora de fazer delas uma homenagem.
Coube à Rita dar ao Álvaro a noticia que a Adega Mayor que lhe ia fazer um vinho. O Álvaro aceitou a cortesia destes amigos sem saber exactamente a dimensão do que estava a ser preparado há quase meia década. Quando compreendeu totalmente o que se estava a preparar exclamou incrédulo:
Mas vão fazer um vinho com o meu nome?
E assim se fechou o circulo e aqueles primeiro traços rabiscados tomaram forma de rótulo serigrafado numa garrafa praticamente opaca. O que o Álvaro deu à Adega Mayor foi-lhe dado de volta sob a forma de vinho. Um vinho feito como os clássicos alentejanos, exclusivamente com Alicante Bouschet que bem a propósito há quem lhe chame de Tinta de Escrever. Fiel à casta mostra-se retinto, opaco enquanto no nariz se nota a terra molhada, fumo e alguns aromas químicos que quase como por sugestão lembram a tinta da china. Tendo uma boa acidez está muito fresco e elegante com um ligeiro balsâmico. Tem largos anos de vida pela frente e prestará testemunho da amizade destes dois homens durante muito tempo. Chama-se Siza Edição Especial Alicante Bouschet 2009.
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