Nos últimos anos têm surgidos inúmeros sites e blogs sobre vinhos. Este mesmo blog é um exemplo desta tendência. Há uns anos atrás a informação sobre vinhos era escassa e limitava-se às revistas da especialidade, aos guias de vinhos em papel e outros livros sobre a área.
Quando eu comecei a prestar atenção ao mundo do vinho (há cerca de 10 anos) já o panorama era bastante aceitável. A Revista de Vinhos era uma referencia na área, tendo começado a organizar o Encontro com o Vinho e os Sabores e a publicar o seu guia de compras anualmente, o guia do João Paulo Martins existia à alguns anos e mais importante do que tudo isto a oferta vínica disponível já era relativamente diversificada. Por outro lado a presença na internet era ainda relativamente incipiente. Existiam alguns blogs e fóruns de discussão sobre vinho mas poucos, os sites das publicações (revistas ou guias) eram inexistentes ou pouco relevantes e os produtores ainda não tinham despertado para o poder da internet como veiculo de promoção dos seus produtos.
Durante a primeira década do século XXI muita coisa mudou neste panorama. O vinho começou a suscitar interesse numa faixa etária entre os 25 e os 35 anos. Esta geração "pós 25 de Abril" foi a primeira a ser educada em regime democrático, com uma percentagem elevada formação universitária e começava a atingir a sua independência económica muitas vezes com uma capacidade económica significativa para o que era até aqui normal em pessoas desta idade. Por outro lado, esta geração via a internet como um meio privilegiado de obtenção e disseminação de informação.
Surgiram, por isto, numerosos blogs sobre vinhos, alguns com provas, outros com divulgação de eventos ou outras informações acerca da experiência vínica. Este fenómeno obrigou os produtores a incluírem a internet e os seus sites institucionais na sua estratégia promocional e a incluírem os bloguers nas suas acções promocionais que anteriormente seriam direccionadas apenas a profissionais.
No final da década passada um novo meio de promoção surgiu que veio a dinamizar ainda mais a disseminação de informação sobre vinhos. As redes sociais (especialmente o facebook e o twitter) ganharam espaço como um meio de promoção vinícola e enoturística proporcionado um contacto directo e interactivo com os consumidores. Criaram-se mesmo redes sociais focadas no vinho como a adegga que permite partilhar o conteúdo da garrafeira, listas de desejos, notas de prova e eventos.
Estes meios de divulgação proporcionam um meio bastante directo e barato de comunicação com os consumidores e embora a audiência que atingem não seja grande em quantidade, têm um valor interessante. É constituída fundamentalmente por pessoas que fazem parte da faixa etária entre os 25 e 40 anos, têm um bom potencial de crescimento, uma capacidade económica média-alta e normalmente um poder significativo para influenciarem as decisões de compras de outras pessoas à sua volta.
Dois dos produtores que mais se têm destacado na utilização destes meios de promoção são a Niepoort e Cortes de Cima. Tanto um como o outro têm mantido uma relação muito próxima com a comunidade dos bloguers, promovendo eventos direccionados a esta comunidade ou incluindo-os nos eventos dedicados aos jornalistas profissionais. Nas redes sociais mantêm uma presença muito activa e cultivando uma relação muito próxima com os seus seguidores. Como recompensa deste esforço estes dois produtores gozam de uma notoriedade significativa, que penso ser em parte devida a esta aposta.
Independentemente disto muitos produtores continuam alheios as estas possibilidades não incluindo os bloguers nas suas acções promocionais, não tendo ou não mantendo actualizados os seus sites e não fazendo uso das redes sociais.
O interessante nestes meios é ser possível dosear o custo de acordo com o perfil do produtor. Assim o investimento pode ser tão baixo como gastar 2 ou 3 horas semanais na gestão do perfil facebook e dependendo da capacidade de investimento pode incluir campanhas e eventos direccionadas a estes canais e no limite pode, no caso de um grande produtor, ser integrada nas campanhas e estratégia geral de comunicação da marca.
Não é com uma conta de facebook que um produtor conseguirá vender a sua produção. Mas este tipo de abordagem do mercado parece interessante devido ao baixo custo, permitindo atingir uma audiência especialmente valiosa neste mercado.
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