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Os Brancos e Rosés da José Maria da Fonseca

O Verão parece estar a aí e é preciso escolher os amigos que nos vão refrescar durante os próximos meses. A José Maria da Fonseca durante os últimos meses lançou para o mercado os seus brancos e rosés de 2013 para nos fazerem companhia no Verão que está aí à porta.

Os Brancos e Rosés da José Maria da Fonseca - reservarecomendada.blogspot.pt

O BSE é uma marca clássica da José Maria Fonseca e um dos vinhos brancos mais conhecidos em Portugal sendo produzida desde 1947. BSE é a sigla de Branco Seco Especial e o significado desta coloca desde logo em perspectiva aquilo que se pretende deste vinho. Durante alguns anos, em meados da década de noventa, este nome teve um conotação negativa devido a esta sigla também ser usada para denominar a Doença das Vacas Loucas em língua inglesa. Tenho ideia que em alguns mercados internacionais se chegou a usar um nome diferente para este vinho de modo a evitar esta conotação negativa. O 2013 é feito com Antão Vaz(45%), Fernão Pires(33%) e Arinto(22%) e apresenta-se com uma côr amarela ligeiramente esverdeada quase transparente. Aromas citricos com um ligeiro tropical e algum melão a denotarem a sua juventude. Boa acidez e fazendo juz ao nome com a sua secura e mineralidade a mostrar-se na boca. Na boca nota-se também um ligeiro vegetal que reforça a sua frescura. Agradável e bem feito para beber despreocupadamente.


O Montado é gama de entrada para os vinhos alentejanos da José Maria da Fonseca. A José Maria da Fonseca adquiriu em 1986 a Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes de onde provêm os míticos José de Sousa e em 1991 foi criada esta marca. O Montado Branco 2013 tem no seu lote, como desde a sua génese, as castas Alva, Tamarez e Rabo de Ovelha e apresenta um côr amarela clara ligeiramente esverdeada. Os aromas tropicais sobressaem, notando-se algum ananás mas também alguns aromas citricos. Na boca mostra boa acidez e muita frescura com algum vegetal a dar-lhe alguma estrutura. Revelou-se uma boa surpresa pois não estava a contar que fosse tão fresco como é. Têm uma relação qualidade-preço muito boa.


A história da marca Periquita confunde-se com a história da própria José Maria da Fonseca quando o fundador da empresa compra a Cova da Periquita onde plantou as primeiras vinhas da casta Castelão trazida do Ribatejo. Este vinho ficou conhecido como vinho da Periquita tendo começado a ser comercializado como Periquita José Maria da Fonseca. A própria casta Castelão ganhou na região o nome de Periquita mas apesar disto José Maria da Fonseca pode usar o nome como marca pois a empresa registou a marca em 1941. Assim até 2004 o Periquita era exclusivamente produzido em tinto e só passados mais de 150 anos após a criação da marca é que foi colocado no mercado o Periquita Branco, primeiro no mercado sueco e brasileiro e só depois no português. Para muitos isto é uma traição à marca pois para ser Periquita têm de ser tinto e Castelão mas o que é certo que antes de Periquita ser nome de casta já era nome de vinha pelo que acaba por não se justificar tal extremismo. Em 2007 juntou-se também à família o Periquita Rosé.


O Periquita Branco 2013 que é um lote de Verdelho(64%), Viosinho (14%) e Viognier (22%), apresenta uma côr amarela clara e aromas florais com algum balsâmico. Boa acidez, algum vegetal compondo um conjunto bem fresco sem no entanto deixar de apresentar uma ligeira untuosidade que lhe dá alguma estrutura e complexidade. Confesso que me surpreendeu e acabou por se colocar num patamar ligeiramente acima do que estaria à espera nesta gama.


O Periquita Rosé 2013 é um lote de Castelão(52%), Aragonês(37%) e Trincadeira(11%) e apresenta uma cor rosa escura. No seu aroma nota-se groselha e morangos e na boca a acidez fica um pouco escondida por alguma doçura que tem. Poderá fazer boa companhia na esplanada ou com pratos com algum picante mas foge um pouco ao meu estilo de rosé sendo um pouco mais doce do que gostaria.

A Quinta de Camarate está na posse da família Soares Franco proprietária da José Maria da Fonseca desde 1914. Esta propriedade com 120 hectares têm plantados com vinha 39 hectares, parte das quais fazem parte da colecção ampelográfica da José Maria da Fonseca que contêm amostras de mais de 500 castas que são usadas para o estudo das características de cada casta sendo muitas vezes daqui que saem ideias para novos lotes para os vinhos da José Maria da Fonseca. O resto da área da propriedade é usada para a pastorícia de ovelhas cujo leite é usado para a produção de queijo de Azeitão. Com o nome da Quinta de Camarate são produzidos dois vinhos brancos: o Branco Doce e o Branco Seco.


O Quinta de Camarate Branco Seco 2013 é constituído por um lote de Alvarinho(50%) e Verdelho(50%) e apresenta-se dourado mas quase transparente. Aromas florais com algumas flores brancas a darem o ar da sua graça. Acidez algo escondida complementada com algum vegetal a dar-lhe estrutura. Fresco e direto mas muito competente revelando mesmo alguma complexidade que o tornava bastante interessante. Pareceu-me o vinho com o perfil mais sério de entre todos estes vinhos.

O Quinta de Camarate Branco Doce é um estilo de branco pouco habitual em Portugal com uma doçura que só se costuma encontrar em vinhos generosos ou colheitas tardias. Não sei em concreto como foi vinificado este vinho mas o habitual para este tipo de vinhos é a fermentação ser parada com frio e posteriormente estabiliza-lo pela a adição de sulfitos. Mas independentemente do método a ideia é parar a fermentação antes que todo o açúcar das uvas se transforme em álcool dando origem a vinhos mais doces e com um grau alcoólico mais baixo. São vinhos que devido à sua doçura poderão ser bebidos a solo como aperitivo, com pratos com algum picante, com pratos com alguma gordura (conservas, foie grás) ou com sobremesas à base de fruta. Este Quinta de Camarate Branco Doce 2013 foi feito com um curioso lote de Alvarinho(62%) e Loureiro(36%) e tem uma cor amarela e aromas cítricos. Muito aveludado na boca devido à sua doçura que no entanto não esconde totalmente a sua acidez que lhe dá alguma frescura e evita que se torne pesado.

A marca Domingos Soares Franco Colecção Privada têm servido ao longo dos últimos anos para o lançamento de vinhos com o cunho pessoal do enólogo da casa que não encaixam no portfólio de marcas da José Maria da Fonseca. Quase todos os anos há vinhos novos e alguns vão ficando de ano para ano, outros dão lugar a novas experiências. O Domingos Soares Franco Colecção Privada Moscatel Roxo Rosé é um destes vinhos que desde 2007 é presença regular nesta colecção. É um monocasta de Moscatel Roxo, como o nome indica, casta que era exclusivamente usada para vinificação em generoso. A produção desta casta atingiu níveis perigosamente baixos no final do século passado mas na década de 90 foi-lhe dado um novo impulso o que permite atualmente a sua utilização em vinhos não generosos como este. Este é um vinho que tenho seguido desde que foi lançado. Lembro-me da surpresa que me causou quando o provei pela primeira vez e considero-o um dos melhores rosés portugueses.


Mostra-se rosa claro, mais claro e menos salmão que noutros anos, aromas florais que me fazem sempre lembrar os coentros, mas também líchias e rosas. Boa acidez, algum vegetal a darem-lhe estrutura e comprimento na boca. Pareceu-me mais floral e exuberante que noutros anos mas acho que nunca o tinha provado tão novo e pareceu-me que talvez a seja essa a razão para esta exuberância. Gostei bastante dele, como velho amigo que é, mas acho que vou gostar ainda mais dele com mais uns meses de garrafa quando esta exuberância floral típica da juventude deixar de se impor tanto.

Há muito por onde escolher de entre estes vinhos da José Maria da Fonseca e para quase qualquer situação será possível encontrar aqui um vinho adequado para beber neste Verão.

Os vinhos provados foram gentilmente oferecidos pelo produtor.

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