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Elysium California Black Muscat 2010

Desde há uns anos a esta parte que criei o hábito de sempre que viajo de avião comprar no aeroporto, no regresso, uma garrafa de vinho do país onde fui. Normalmente estabeleço um limite de 10€ que só em casos excecionais ultrapasso. Isto têm-me permitido provar alguns vinhos dessa Europa fora e alargar um pouco o meu conhecimento de vinhos. Mas nem sempre é uma tarefa fácil pois em alguns países não é fácil encontrar vinhos locais.

Um desses países é a Holanda. Alias qualquer um de vós diria que na Holanda isso seria uma tarefa impossível pois vinho holandês é coisa que não existe... Mas até existe e há dois anos até tinha conseguido trazer um garrafa de um vinho branco da casa Apostelhoeve que fica perto de Maastricht. Penso que era um Riesling e era bem interessante. Tive foi de abrir uma excepção no meu limite de preço pois ficou por cerca de 20€.

Desta vez ia com a intenção de trazer de novo um vinho desta ou de outra casa holandesa que encontrasse. Mas a minha busca revelou-se infrutífera e não consegui encontrar qualquer vinho holandês à venda nas lojas do aeroporto de Schiphol... Já tinha passado para a cerveja mas também neste campo a coisa não estava fácil. O melhor que encontrava era uma Heineken engarrafada numa garrafa de espumante, coisa que não me entusiasmava muito... Até que numa loja de chocolates vi uma garrafa que me chamou a atenção...


Não era holandês, era californiano mas era um black muscat. Era o Elysium California Black Muscat 2010 produzido pela Quady Winery. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi se a casta Black Muscat seria Moscatel Roxo. Vim a comprovar mais tarde que não era. A casta Black Muscat, também conhecida como Muscat de Hambourg, é uma casta tinta que parece ser originária da Alemanha e fruto do cruzamento das castas Schiava Grossa e do Moscatel de Alexandria. O Moscatel de Alexandria é a casta usada no Moscatel de Setúbal. Na Europa a casta Black Muscat é habitualmente vinificada como vinho seco de mesa mas na Califórnia é habitualmente vinificada como vinho doce de sobremesa. Há falta de uma opção local acabei por comprar este vinho para experimentar.

É um vinho claramente diferente do que estamos habituados nos nossos moscatéis. Começa logo pela graduação alcoólica de 15º que me deixou na dúvida. É mais baixa do que seria expectável para um vinho de sobremesa, em que a fermentação é parada por adição de álcool. Por outro lado, parece ser demasiado elevada, tendo em conta a sua doçura, para que a fermentação tenha sido parada exclusivamente pelo frio. Fiquei na dúvida de como terá sido vinificado. Outro aspeto que me deixou na dúvida foi a cor, que é um rubi claro, parecendo indicar pouca oxidação e que não deve ter passado por madeira. Ou se passou foi por um período curto ou em balseiros.


Eu não costumo ligar muito às notas de prova dos contra-rótulos. Normalmente são mais exercícios poéticos do que uma descrição fiel do vinho. Falava-se de rosas e líchias. Sim, claro... Não era preciso exagerar na poesia, eu comprava o vinho na mesma... Mas quando levei o copo ao nariz... Olha, e não é que são mesmo rosas e líchias. Aromas de tal maneira intensos e definidos que não seria necessário ser um provador experimentado para os identificar. Na boca continuava com uma boa acidez e uma doçura exuberante.

Tem um perfil que parece mais um licor do que um vinho. Correndo o risco de ser considerado sexista deverá ter sido o vinho mais feminino que alguma vez bebi. A sua doçura pode torna-lo um pouco enjoativo mas pessoalmente foi um privilegio poder provar um vinho tão intenso e diferente do habitual.

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