Pelo terceiro ano consecutivo fui ao Adegga Wine Market que se realizou no passado dia 1 de Dezembro. Este evento tem sido interessante devido à lista de produtores presentes resultar de uma conjugação de afinidades entre produtores e os mentores e utilizadores da rede social Adegga. Isto faz com os vinhos e produtores presentes neste evento sejam uma mistura de nomes conhecidos com outros menos conhecidos mas não menos interessantes. Um aliciante adicional deste evento é a possibilidade de comprar os vinhos que estão a prova. O único senão deste evento é a sua própria popularidade que está a fazer com que o espaço do foyer do Teatro Aberto comece a ser pequeno para os expositores e visitantes. Felizmente este problema ainda tem solução: Chegar cedo.
Este ano teve o aliciante adicional de ter uma sala Premium que mediante reserva e o pagamento adicional de 20€ permitia provar mais 15 vinhos. Mas valeria a pena gastar mais 20€ para provar 15 vinhos quando havia 200 vinhos para provar pagando apenas o preço da entrada? Bem, um dos vinhos tinha 148 anos e foi feito com vinhas pré-filoxera e é portanto algo diferente de tudo o que é feito hoje. Outro tinha 40 anos de estágio em madeira mais 23 de garrafa. Quatro tinham 30-40 anos... Todos estes vinhos do Porto. Havia ainda uma vertical com 4 colheitas de Niepoort Robustus sendo o mais antigo o primeiro vinho feito pelo Dirk Niepoort e não disponível no mercado. Bem se calhar até valia a pena gastar estes 20€...
Assim a lista de vinhos a prova na Sala Premium era a seguinte:
Ferreira Porto Vintage 1863
Graham’s Vintage 1970 Private Cellar
Villar d’Allen 20 Years
Agrellos 40 Years (Engarrafado em 1988)
Graham’s Colheita 1969 Special Edition
Poças Colheita 1976
Niepoort Colheita 1976
Niepoort Robustus 1990
Niepoort Robustus 2004
Niepoort Robustus 2005
Niepoort Robustus 2007
Herdade do Peso Ícone 2007
Cortes de Cima Reserva 2008
Cortes de Cima Incógnito 2008
Ex-Aequo 2008
A prova não seguiu moldes formais que provas deste tipo normalmente seguem e foi feita de um modo mais informal sendo acompanhada pelo escanção Manuel Moreira. Foi feita pela ordem contrária da lista acima.
Os primeiros quatro vinhos que noutras provas de poderiam ser as estrelas da prova, aqui não passavam de meros figurantes. Vinhos muito bons mas meros adolescentes quando comparados com o resto dos vinhos em prova. De seguida uma vertical de Robustus a culminar no primeiro vinho do Dick Niepoort. Vinhos estupidamente bons, sempre a crescerem em complexidade e interesse. O 1990, confesso, não foi o meu favorito, preferi o 2004. O 1990 é um vinho interessante para perceber os vinhos dessa época mas achei-o um pouco marcado pelos seus 21 anos de idade.
Seguiram-se os Portos... Um começo exuberante com o Niepoort Colheita 1976 cuja acidez enchia a boca. Depois o Poças um pouco mais contido e o Graham's Colheita 1969 a subir de novo em exuberância. Passámos aos Tawnies não datados com o Villar d'Allen 20 Anos e o Agrellos 40 Anos que entre a barrica e garrafa já levava 63 anos. Sem desprimor para o Agrellos, que se conservava muito vivo, gostei mais do Villar d'Allen que tinha um aroma a café muito interessante. É verdade, parece que antes desta prova havia vinte garrafas do Agrellos e beberam-se duas neste evento... O Graham's Vintage 1970 revela-se ainda vivo e interessante mas um pouco marcado pelo álcool. Finalmente o Ferreira 1863... É incrível como um vinho com 148 anos conserva uma acidez e vivacidade tão interessante. Aromas um pouco diferentes do habitual que nos permitem vislumbrar outros tempos do Douro. Nem foi o meu vinho preferido desta prova mas foi uma experiência de vida...
Depois disto os outros 200 vinhos pareciam um pouco banais mas mesmo assim ainda consegui entusiasmar-me em algumas das bancas. Os brancos do Minho e os tintos do Dão da Casa do Cello onde a idade era virtude e não defeito. A Quinta do Pôpa com brancos muito interessantes e económicos, o tinto doce e umas vinhas velhas fenomenais. Os Goliardos, com vinhos de quatros países em que cada um deles era uma nova e interessante experiência. As Lapas dos Gaviões que me seduziram com um Syrah do Alto Alentejo. Um vinho Bastardo, fresco e frutado e que me fez perceber um pouco melhor outras encarnações desta casta. E um Baga Vadio que me fez gostar ainda mais desta casta, às vezes, ingrata da Bairrada.
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