Facebook Reserva Recomendada Twitter Reserva Recomendada RSS Feed Reserva Recomendada Google+ Reserva Recomendada LinkedIn Rui Barradas Pereira Instagram Rui Barradas Pereira Contactar Reserva Recomendada

Agostinho Santos (1982-2012)

Trabalhei com o Agostinho quando fui chefe do projeto MNE do programa Galileo. Quase sempre bem disposto, por vezes um pouco insatisfeito (muitas vezes com razão) mas tinha sempre uma enorme generosidade e empenho naquilo que fazia. Algumas vezes quando estava um pouco mais bloqueado naquilo que estava a fazer, sentava-me ao seu lado e falávamos sobre o problema de maneira a ver se a conversa iluminava o caminho a seguir. Por vezes a conversa levava-nos para os vinhos da zona de Seia de onde ele era oriundo. Mas mais frequentemente a conversa acabava por ir parar ao futebol e ao Sporting, o seu clube do coração.

Um dia estava um pouco atrapalhado pois estávamos nas vésperas do final prazo de entrega do IRS e como bom português o Agostinho tinha deixado a entrega para os últimos dias e agora a password de acesso ao portal das finanças não funcionava. Sabendo que a Ana trabalha nas finanças, perguntou-me se eu sabia de alguma maneira de resolver o problema. Após uma rápida conversa com a Ana para confirmar o que me parecia ser a melhor solução, disse-lhe que todas as repartições de finanças costumam ter senhas não atribuídas que podem ser pedidas ao balcão pelos contribuintes e usadas para aceder ao portal das finanças. No dia seguinte, com uma pequena ajuda da Ana, o Agostinho já tinha a senha para poder entregar o IRS.

O Agostinho com a sua generosidade beirã fez aquilo que é habitual no interior de Portugal e que nós da cidade às vezes confundimos com práticas menos licitas e pagamento de favores. Foi comprar uma garrafa de Quinta da Bacalhôa para nos oferecer como modo de agradecimento. “Mas, não era preciso…” disse-lhe, “Leva e bebe com a tua mulher”, retorquiu. “Era para trazer Cartuxa mas não havia. Mas este também é bom, não é?”, “É, sim”, respondi…

Esta garrafa foi ficando na minha garrafeira e ainda não foi aberta. Agora penso na garrafa e não me apetece abri-la já… Seria duro demais faze-lo agora. Vou esperar uns tempos… Mas independentemente dos aromas e sabores que este vinho tenha, sei que quando o beber me trará uma boa lembrança com um travo amargo e salgado na memória…

Descansa em paz, Agostinho.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts with Thumbnails Follow my blog with Bloglovin