Durante estes dois anos têm realizado algumas ações de formação e colaborado na organização de diversos eventos como Os 10 dias da Francesinha e Os 10 dias do Bacalhau realizados recentemente no Hotel Tryp Oriente em que fizeram sugestões de harmonização de vinhos com os pratos desses menus temáticos. Outra das iniciativas mais interessantes feitas pelos membros do blogue é o projeto de produção de um vinho próprio. Compraram toda a uva da casta Tinto Cão a um produtor alentejano, fizeram a vindima e a vinificação na adega de Joaquim Arnaud em Pavia. Há cerca de 2 meses fizeram a transfega do vinho para uma barrica de carvalho e agora é esperar... Durante os últimos meses tenho-me cruzado com eles por aqui, ali e acolá.
Para comemorar o primeiro ano existência organizaram o primeiro Winenique há cerca de um ano e este ano voltaram a faze-lo pela ocasião do segundo aniversário do blogue. O Winenique é um piquenique realizado no Parque do Penedo em Monsanto em que equipa do E Tudo o Vinho Levou leva os comes e prepara logística dos copos, gelo e todas aquelas coisas que um enochato que se preze acha "essencial" para um piquenique... Neste piquenique não há copos de plástico... Vade retro o Poliestireno, o Polipropileno e o Policarbonato... Os convivas são intimados a levar uma garrafa de vinho para ser partilhada.
Eu e a Ana passámos por lá um bocadinho ao meio da tarde. Estava um dia frio e com alguma chuva ao contrário do ano passado onde dizem que estava um calor que não se podia. Levei dois vinhos relativamente simples mas menos conhecidos que tinha cá por casa: um branco, o Couteiro-Mor Antão Vaz 2010, um velho companheiro do qual tenho sempre garrafas cá por casa e um tinto, o Adega Borba Alicante Bouschet 2006 que tinha trazido da minha visita à Adega de Borba.
Aquela garrafa de Couteiro-Mor Antão Vaz 2010 estava um pouco estranha, estava mais evoluída do que habitual para este vinho e mesmo com algumas notas salgadas e iodadas. Esteve longe de ser consensual, o Elias achou-o desequilibrado e demasiado evoluído para a idade. Eu concordo que estaria demasiado evoluído e provavelmente haveria algum problema com aquela garrafa para ele apresentar este perfil mas gostei de o beber naquele dia por apresentar um caracter diferente e de se fazer passar por um branco mais velho. Às vezes os defeitos também podem ser virtudes.
O Adega de Borba Alicante Bouschet 2006 ainda não tinha sido aberto quando nos fomos embora mas espero que possa ter sido um bom representante da casta Alicante Bouschet que é muito usada a solo com bons resultados. Já tendo mais de 6 anos espero também que a sua evolução tenha sido graciosa e que não tivesse entrado já na sua trajetória descendente. Pelas memórias que tenho dele quando o provei há uns meses parece-me que deverá ter conseguido atingir estes objetivos mínimos. Enfim, fundamentalmente espero que tenha dado prazer a quem o bebeu.
Havia por lá uma gama variada de vinhos, desde vinhos correntes a algumas coisas de gama mais alta ou simplesmente menos habituais, como um rosado caseiro da casta Espadeiro, um vinho biológico com mais de 15 anos ou um Grüner Veltliner austríaco. Mas não era dia para fazer notas de prova, afinal de contas era um piquenique. Com a chuva, as mantas não foram tão usadas como seria de esperar, pelo menos no chão, tendo por vezes sido usadas como tenda improvisada...
Nós tivemos de sair cedo, ainda era dia e estava-se a começar a acender o lume para as entremeadas, mas diz-se que tal como no ano passado à meia-noite ainda se andava a assar morcelas à luz de telemóveis... Para o ano certamente haverá mais e tenho a secreta esperança que por essa altura já se possa provar o E Tudo o Vinho Levou Tinto Cão 2012.
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