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Saias de Montemayor

    Atente, amor, não caias!
    Repara tens pouca escolha.
    Um anda atrás das saias,
    outro não descalça a bota.
    A moça em tudo encalha,
    elas têm pouca roda.
    Este percebe da poda,
    já provou deste licor.
    São saias que andam na moda,
    pé leve, senhor prior.
    A moça em tudo encalha
    mas não ficou ao dispor.

    Este vinho tem valor
    põe-me a cabeça contente.
    Dá pé leve ao prior,
    quer bailar com toda a gente.
    Escapou-se-lhe o amor
    por entre os dentes de um pente.

    Ai vinho...

    Vitorino Salomé



Nos últimos dias de Novembro juntei-me como um intruso a uma festa de amigos, à festa do Vitorino Salomé que lançava o vinho de seu nome feito nas Saias de Montemayor. Apresentado pela Maria João que lembrou quando o Vitorino e o irmão Janita destoavam enquanto subiam o Bairro Alto e despertavam olhares pelo visual insólito para uma Lisboa urbana ainda fechada pelo regime e pouco habituada à diferença, pelo menos a esta diferença. A Rita lembrou de seguida quando esta figura insólita lhe entrou pelo escritório adentro e ela demorou por uns momentos de incredulidade a reconhecer a figura pública no seu espaço privado. Deste encontro fez-se vinho nas Saias de Montemayor, para ser cantado pelo Vitorino, ser dançado pelas moças de saias rodadas e dar pé leve ao senhor prior.


Fiquei por ali uns momentos a conversar com outros intrusos enquanto os amigos que todos conhecíamos andavam por ali entre nós. Achei que o vinho fazia a jus à canção, querendo bailar com toda a gente, como um bom amigo, com um toque de doçura sem perder a frescura. Talvez este vinho seja agora menos irreverente que era o Vitorino quando subia o Bairro Alto mas é festivo e autentico como muitas das suas músicas.


Saí enquanto a festa de amigos ganhava novos protagonistas que tomavam conta do palco para acompanhar o Vitorino. Diz quem ficou que foi uma memorável e inesquecível festa de amigos onde até ao final da noite se ouviu o vinho e se bebeu a música. Com o meu ar banal e anónimo subi o Bairro Alto sem ser interpelado, mas se despertasse o olhar de alguém que me perguntasse, O que levas na garrafinha?, diria, Um poema do Vitorino.


Jamie Oliver - www.wook.pt

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