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Negreiros 2005

De vez em quando ouvia falar deste vinho, do Negreiros. Cruzava-me de vez quando com uma fotografia dele no Facebook, normalmente acompanhada por um comentário elogioso. Mas estaria a mentir se dissesse que tinha uma grande curiosidade em prova-lo. No Adegga Wine Market em 2012 o Mário estava lá com o seu vinho mas acabei por preteri-lo em relação a outros vinhos e não o provei. Não sei porquê... Eu sei que é um bocado parvo mas acho que o rótulo não me atraia, não falava comigo... Mal sabia eu o que ele me tinha para contar.

Negreiros 2005 - reservarecomendada.blogspot.pt

Mas no ano passado, no final do Verão, voltei ao Entrocamento, terra de fenómenos, e não podia deixar de voltar a passar pelo E.Leclerc para ver que vinhos ainda por lá andavam e eventualmente comprar algumas das singularidades que se encontram naquele vórtice espaço-temporal que é o corredor de vinhos do E.Leclerc do Entroncamento. Uma das singularidades que encontrei foi este Negreiros 2005. E pensei para comigo mesmo: Nem é tarde nem é cedo, é agora que vou provar este Negreiros.

Ficou lá por casa mas eu sabia que não demoraria muito a abrir esta garrafa pois agora a curiosidade já estava desperta. Pouco mais de 2 meses passados estava na hora de a por à prova. E que prova proporcionou! As uvas com que é feito o Negreiros são oriundas da Quinta das Amendoeiras que fica na margem norte do Douro Superior. A Quinta das Amendoeiras é propriedade da família Negreiros desde a década de 40 do século passado quando Joaquim Trigo de Negreiros decidiu regressar ao Douro e ao vinho depois da família se ter afastado deste no século XIX aquando da devastação das vinhas pela filoxera. Até há cerca de 10 anos, as 50 toneladas de uvas tintas produzidas pelos 10 hectares de vinha da quinta eram usadas para produção de Porto.

A partir de 2004 passou-se a vender apenas metade das uvas para produção de vinho do Porto sendo seleccionadas as melhores uvas da quinta para a produção do Negreiros. Só as uvas e vinho com uma qualidade acima de um determinado patamar é que são usadas para produzir o Negreiros podendo o volume de produção variar de ano para ano com a qualidade da uva. Não há compromissos, quando a qualidade da uva e vinho não cumprir os critérios auto-impostos, não se produz com a marca Negreiros, como de resto aconteceu em 2006. Leva-se também também à letra a designação Reserva e apenas quando é reservado um lote com características especiais para vinificação separada é que existe um Reserva e um Colheita como aconteceu em 2007. Se for vinificado apenas um lote nunca receberá a designação de Reserva independentemente de poder ser considerado pelo IVDP digno da menção de Reserva ou mesmo Grande Reserva.


No último Adega Wine Market, já depois de ter provado este vinho, não quis cometer o mesmo lapso do ano anterior e estive um bocadinho a conversar com o Mário e a provar o Negreiros 2009. Disse-lhe que conhecia mal o seu vinho e que até à pouco tempo não o tinha provado e ele disse-me qualquer coisa como: Sabe, eu aqui sou invisível. Como desde que começou a produzir com marca própria conseguiu escoar uma boa parte da sua produção para a exportação, a marca Negreiros acaba por ter pouca visibilidade no mercado português. A primazia dada à exportação parece ser uma aposta claramente ganha pois o escoamento dos vinhos é mais estável e os riscos financeiros menores. Mas mesmo assim pareceu-me sentir alguma mágoa devido ao seu vinho não ter o reconhecimento devido em Portugal. Quando lhe disse que o vinho que tinha provado há umas semanas atrás era o 2005 ficou curioso em saber como estava e disse-me: Já não tenho mais garrafas dessas....

Foram produzidas 10.000 garrafas deste Negreiros 2005, sendo o lote constituído por castas características do Douro: Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Touriga Nacional. Foi estagiado em pipas de carvalho francês durante 15 meses tendo sido engarrafado em Julho de 2007. Mostra uma cor granada claro translúcido e aromas a frutos vermelhos com um ligeiro toque de terra molhada e alcaçuz. Boa acidez com taninos muito finos que lhe davam elegância mas tendo ao mesmo tempo um toque divertido na boca devido às notas licoradas. Prolonga-se na boca deixando uma secura muito agradável. Para um vinho com 8 anos mostrou uma frescura interessante e uma boa capacidade para evoluir durante mais alguns anos. Não se bebeu todo nesse dia e no dia seguinte ainda estava melhor...

Gordon Ramsay - www.wook.pt

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