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Vintage Primavera 2014

Os restaurantes de hotel sofrem de um grande preconceito em Portugal. Com raras exceções são tomados como servindo exclusivamente os clientes do hotel. Se alguns devido à sua notoriedade ou pela maneira como estão integrados no hotel conseguiram ultrapassar esta barreira, a maioria são desconhecidos do público em geral e raramente considerados como uma opção para comer. O certo é que alguns do melhores chefs a trabalhar em Portugal fazem-no em hotéis, realizando um trabalho bastante interessante.

Vintage Primavera 2014 - reservarecomendada.blogspot.pt

Estes restaurantes normalmente não sofrem os mesmo tipo de pressões de mercado que os restaurantes não ligados a hotéis sofrem. Nos restaurantes de hotel alguns custos são partilhados com os custos do hotel e a atividade do hotel normalmente garante uma clientela mínima. Assim por vezes até se conseguem relações qualidade preço melhores em restaurantes de hotel do que no resto da restauração. Os restaurante de hotel apresentam ainda a vantagem de normalmente estarem abertos ao Domingo enquanto a grande maioria dos restaurantes em Lisboa se encontra fechado.

O Restaurante Vintage é um destes casos de um restaurante de hotel que é praticamente desconhecido e há cerca de 2 meses eu e a Ana tivemos a oportunidade de lá ir pela primeira vez e de experimentar alguns dos pratos da carta Primavera/Verão. O restaurante funciona em ligação com o bar do Vintage Lisboa Hotel e em dias de menor movimento o serviço é feito num espaço comum com o bar. Essa opção embora não pareça diminuir a qualidade do serviço proporciona um ambiente um pouco mais ruidoso, menos intimista e com várias televisões espalhadas pela sala. É compreensível que assim seja embora isso deva ser tido em conta ao escolher este restaurante pois dependendo da ocasião isso pode ser conveniente ou inconveniente. Foi neste espaço que que nos foi servida esta refeição e felizmente não sou facilmente impressionável. Se o fosse, ver uma entrevista politica na televisão enquanto comia poderia ter-me causado alguma indigestão.


Começamos com a Cavala Marinada com Berbigão e Molho de Limão, onde a cavala me pareceu inicialmente pouco intensa em termos de sabor mas quando comida juntamente com o berbigão, o sal do berbigão e o cítrico do molho de limão funcionavam como intensificadores de sabor. A tosta sobre a qualquer vinha empratada a cavala e o berbigão dava-lhe uma boa textura embora não fosse fácil de abordar. Ao tentar cortar a tosta cheguei a temer que esta saísse disparada em voo para fora do prato. Revelou-se assim um prato muito bem conseguido que talvez merecesse uma pequena revisão no empratamento para reduzir as possibilidade de a cavala ser comida em separado do berbigão e tornar mais fácil abordagem à tosta.


A Terrina de Coelho com Vinagrete de Frutos Secos mostrou-se bem conseguida em termos de sabor embora com alguma secura que era no entanto bem equilibrada pelo vinagrete de frutos secos. Muito bem em termos de conceito embora me parecesse que a quantidade de vinagrete deveria ser um pouco maior para o tamanho da fatia da terrina ou então empratado de modo a forçar que cada garfada de terrina fosse acompanhada com um pouco de vinagrete.


Seguimos com o Caldo Verde. Achei a base um pouco insonsa embora estivesse bastante cremosa, sendo esta temperada pelo resto dos componentes do prato, a couve, o azeite e o chouriço. Em especial pelo chouriço onde o sal se notava mais. O novelo de couve era um pouco mais difícil de desenrolar do que seria desejável para conseguir separar um pouco a cada colherada. No fim das contas quando tudo se juntava na boca, o conjunto revelava-se harmonioso e evocativo o prato clássico. Pode tornar-se num prato de referencia da casa e do chef caso alguns destes pormenores relativos ao empratamento e ao balanço do sal venham a ser corrigidos.


Seguiu-se aquele que terá sido o prato mais bem conseguido da noite, a Corvina com Malandrinho de Ostra e Limão. No arroz notava-se o sabor a mar das ostras pontuado pelo limão que vinha em gomos numa conversa muito bem conseguida com as ostras. O arroz inicialmente pareceu-me um pouco cozido demais pois estava ligeiramente aberto. Mas não, estava cremoso sem que tenha ficado espapaçado. No meu prato a posta de corvina pareceu-me ligeiramente acima do ponto ótimo de cozedura sem que isso prejudicasse o prato.


Atualmente quase todos os restaurante de topo fazem questão de ter um prato de leitão devido às paixões que este desperta. Confesso que começo a achar isso um pouco repetitivo mas também eu sou um fã incondicional deste prato tradicional e é-me difícil resistir a experimentar estas interpretações deste clássico. No Leitão assado com Batata Chips e Esparregado de Grelos, o leitão apresenta-se desfiado num cubo prensado com uma quantidade generosa e um quadrado de pele estaladiça a coroa-lo. Bem conseguido em termos de sabor só lhe faltando um pouco intensidade em termos de sabor que lhe poderia ser dada pelo molho que era servido num recipiente à parte. O único reparo vai mesmo para a forma como o molho era servido. Eu andei ali a tentar perceber qual seria a melhor maneira de usar o molho, se molhando o leitão no molho, se vertendo o molho sobre o leitão mas nenhuma das maneiras me pareceu muito prática. Acabei usar menos o molho e por isso acho que o prato perdeu um pouco.


Finalizamos com a sobremesa que era uma degustação de três das sobremesas da carta cada uma numa porção mais pequena. Eram estas a Tartelete de Pêssego com Gelado de Baunilha, a Encharcada de Ovos com Gelado de Limão e a Mousse de Chocolate com Gelado de Morango. Confesso que as achei o ponto mais fraco deste menu. Achei um pouco repetitiva aquela dinâmica de sobremesa mais gelado aqui repetida três vezes. É uma opção que se tem visto com frequência e que em alguns casos dá um toque especial a sobremesas clássicas mas que aqui ficava aquém das expectativas pois as sobremesas não me conseguiram entusiasmar e cada gelado que as acompanhava não lhes trazia nada de especial.

Este menu foi competentemente acompanhado por uma seleção de vinhos a copo sobre a qual não me vou alongar muito dando só o devido destaque ao primeiro vinho servido, o Quinta dos Carvalhais Espumante Rosé Reserva 2005, que não conhecia mas que iniciou a refeição de modo exemplar. Mostrava um rosa escuro, bolha fina e aromas a compotas de frutos vermelhos. Sentia-se alguma tosta provavelmente proveniente da sua idade. Seco e com uma boa acidez mostrava-se muito guloso e longo na boca. Curiosamente é um lote de Touriga Nacional e Encruzado. Um lote muito Dão, sendo impossível não fazer o paralelismo com os lotes clássicos de Champagne que misturam muitas vezes castas brancas e tintas como no lote clássico de Pinot Noir e o Chardonnay.


No geral o Restaurante Vintage apresenta propostas bastante interessantes sendo facilmente reconhecíveis as raízes portuguesas desta cozinha vestida com roupagens contemporâneas. Quase todos os pratos precisavam de algumas afinações em termos de empratamento de modo a garantir uma ligação maior entre os componentes do prato e uma experiência mais consistente. Mas quando todos os componentes se juntavam na boca o resultado era bastante harmonioso e revelavam uma grande intencionalidade nas combinações usadas pelo chef Vitor Cardoso. Quer o Restaurante Vintage quer o terraço Varanda do Tejo do Vintage Lisboa Hotel, que parece ter uma ótima vista sobre Lisboa, merecem a vossa visita. Sem receio, apesar de fazerem parte de um hotel não são espaços exclusivos para os hospedes do hotel e podem ser usufruídos como qualquer outro restaurante ou bar.

O Sexo Começa na Cozinha de Kevin Leman - www.wook.pt

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